sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Dossiê ColorScreen: Zé Carioca, 70 anos de história!

Criado nos anos 40, aos poucos se tornou um símbolo de nosso país, resistindo através das décadas como um dos ícones Disney para a América Latina. É claro que estou falando de Zé Carioca que, às vesperas de completar 70 anos, merece ser homenageado com todas as pompas e honras! E é por isso que ele acaba de ganhar um especial! Esse é o Dossiê ColorScreen - A história de Zé Carioca!

Atenção: esta é a primeira parte do Dossiê, fique atento para a continuação, em breve!

Agora, antes de começar, vou explicar o motivo deste post. Além do blog ter ficado de férias em janeiro, devido à minha falta de tempo (faço tudo sozinho no ColorScreen, sou o único autor aqui), motivo pelo qual resolvi compensar e fazer um artigo bem completo, um post sobre o Zé Carioca já era uma obrigação há muito adiada. Afinal, um personagem Disney que representa nosso país tem que ser tratado com muito carinho, não é? E também, neste mês, comemora-se o cinquentenário da revista solo de Zé, lançada em janeiro de 1961. Então, vamos ao post!

No começo dos anos 40, em um período pré-guerra, os Estados Unidos buscavam criar laços de amizade com os países do continente americano. O foco do post nem é político, por isso não me aprofundarei muito nessa questão. Porém, algo que devemos notar é que uma dessas ações foi o envio de Walt Disney e seus artistas para uma viagem de cortesia através de diversos países, inclusive o Brasil. Durante a visita, feita no ano de 1941, Disney criou diversos personagens com características de determinados locais, assunto que vamos falar mais adiante. Porém, o que deu mais certo foi um certo papagaio.

Em visita ao Rio de Janeiro, o artista se inspirou nas piadas de papagaio, muito frequentes na época e também na figura do malandro, tradicional na cidade, para criar o primeiro personagem Disney do Brasil, o esperto Zé Carioca, ou Joe Carioca, no original. Vestido com trajes típicos dos adeptos da malandragem, como chapéu, gravata e acessórios como o típico guarda-chuva e um charuto (que, na verdade, é muito mais típico da América Central), ele se caracterizava (o que continua até hoje) por acreditar muito no chamado "jeitinho brasileiro", tentando sempre se dar bem tendo o mínimo possível de esforço e trabalho.

Ao contrário do que a maioria acredita, a estréia de Zé não foi no cinema. Primeiro, ele apareceu numa tira nos jornais americanos, em 1942. Aí nascia seu universo nas ruas cariocas, com a criação de sua namorada Rosinha, seu sogro Rocha Vaz e seu amigo, o urubu Nestor. Depois, ele ganhou diversas participações em revistas nos EUA, apesar de seu lançamento oficial se dar em 1943, nas telas do cinema.

Em "Alô, Amigos!", o tour de Disney pela América do Sul chegou aos cinemas, em um filme que mostrava quatro segmentos diferentes, com diversos aspectos da região. Vemos Pato Donald explorando o Lago Titicaca (Peru e Bolívia), um pequeno avião se aventurando nas montanhas do Chile, Pateta encarnando um gaúcho na Argentina e finalmente, a estréia oficial do papagaio. No segmento "Aquarela do Brasil", que finaliza o filme, Zé Carioca se encontra com Donald, em um passeio pelas ruas boêmias e pelos pontos turísticos do Rio de Janeiro. O filme merece um post exclusivo, portanto não vamos se aprofundar neste assunto agora. Mas, abaixo, veja uma sequência da clássica animação:



Nascia um astro. Um dos melhores contrapontos ao estilo estressado e norte-americano do Pato Donald, Zé Carioca era um coadjuvante perfeito para o pato. Então, nada melhor que uma continuação, agora com mais elementos que fizeram sucesso no filme anterior! Em 1945, era lançado o filme "Você Já Foi à Bahia?". Dessa vez, a dupla ganhou mais um amigo, justificando o título original, "The Three Caballeros". Era o galo mexicano Panchito. Entre outras histórias, com personagens de países como Uruguai e a Argentina, o foco é para os três amigos, que visitam o Brasil e o México, se divertindo com estrelas musicais como Aurora Miranda (irmã de Carmen) e firmando um forte laço de amizade ao compartilhar aspectos das culturas locais. Confira o trailer original desta produção abaixo:



Essas duas animações são clássicos absolutos, muito famosas aqui no Brasil. Porém, há uma terceira aparição do personagem, não tão divulgada por aqui, no longa "Tempo de Melodia", de 1948. Diferentemente dos outros, esta obra não era parte do retrato das Américas, tema principal dos anteriores. Na verdade, "Melody Time" se propunha a ser um novo "Fantasia", ou seja, uma grande homenagem às artes e principalmente à música, porém em uma abordagem mais contemporânea. Desta vez, Zé não protagoniza o filme, que também é composto de várias partes. O papagaio e Donald (sem Panchito) aparecem em uma única parte, ao lado do pássaro Aracuã. Confira integralmente "A Culpa é do Samba!", o segmento com Zé e Donald, a seguir:



Assim, acabava, infelizmente, o período de participações de Zé Carioca nos cinemas. Porém, nada estava perdido! Em 1950, uma certa Editora Abril começaria a publicar os quadrinhos Disney no Brasil, com a lendária "Pato Donald #1". E quem roubava a cena, logo na primeira edição? Pois é. Em uma arte produzida pelo argentino (vejam que ironia!) Luis Destuet, Zé se divertia ao lado de Donald. E foi assim, na revista do pato, que o papagaio foi se tornando ainda mais popular no Brasil.

Sua revista solo só seria lançada em janeiro de 1961. No começo, Zé teoricamente morava em Patópolis, pois contracenava com Mickey, Pateta, Tio Patinhas e outros (muitas vezes, as histórias eram copiadas diretamente das obras norte-americanas, com o Pato Donald sendo apagado e Zé Carioca sendo desenhado por cima; daí surgiram os sobrinhos dele, Zico e Zeca, para substituir os sobrinhos do pato). Com o tempo, diversos artistas passaram por esta publicação, cada um contribuindo um pouco para moldar a personalidade desta peculiar figura, dando um caráter exclusivamente brasileiro a ele, como na criação da Vila Xurupita, favela em que as histórias começaram a ser ambientadas.

Mas o principal a dar vida a este personagem foi o gaúcho Renato Canini, que a partir de 1971, ampliou muito o universo do personagem. Ele é responsável, entre outras coisas, por criar a família do papagaio (como o primo Zé Paulista, a antítese dele, viciado em trabalho), os amigos Pedrão e Afonsinho, a agência de detetives Moleza (em que Zé ensaia trabalhar) e a ANACOZECA (a Associação Nacional de Cobradores do Zé Carioca, de quem ele vive fugindo), entre outros. Pelas mãos do também genial Ivan Saidenberg, nascia uma paródia do Batman na visão de Zé, seu alter-ego, o Morcego Verde. Todos estes elementos se tornaram clássicos e são imprescindíveis nas tramas do personagem!

Aqui acaba a primeira parte do Dossiê ColorScreen - Zé Carioca! No próximo post, a continuação, com a reformulação de Zé nos quadrinhos, o quadro dele na TV ColOsso, a volta dos Três Cavaleiros na TV norte-americana, a aparição de Zé em "Uma Cilada para Roger Rabbit" e muito mais!

E você, gosta do Zé Carioca? Acompanhou as animações, leu os quadrinhos? Comente!

2 comentários

Britto 29 de janeiro de 2011 às 16:41  

Parabéns, Zé! Acho que o personagem merecia mais destaque no Brasil. A Disney poderia investir numa série estrelada por ele, ou quem sabe um longa... tá, viajei =P

Paulo Almeida Prado 29 de janeiro de 2011 às 19:26  

Concordo totalmente, Britto!

Obrigado pelo comentário!

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